A coluna não tão reta me faz martelar
sobre planos futuros enquanto eu observo a parede –
agora – limpa. Por mais que não seja tanta, a idade pesa.
A lista que eu não segui, o emprego ruim que eu larguei, o
barulho no corpo por causa da falta de alongamento, as dores
de cabeça frequentes. No auge do meu cabelo chegando no quadril e do meu
sorriso de quem não faz ideia de quem seja, me sinto
sem tempo. Não no sentido de dia curto, mas no sentido
do tempo passar e eu não me tornar ninguém que meu eu criança gostaria
de conhecer.
Mas que é uma injustiça
esse pensamento, é.
Sendo levada pela trilha sonora
do último álbum dos Tribalistas enquanto tomo chá na minha
caneca de Florianópolis, me vejo de fora, como uma criança. Eu, como
mulher em formação, me sinto em êxtase quando vejo um adulto que se
organiza e se respeita, sabe. É quase o santo
graal da vida adulta eu conversar com alguém que aprendeu a não se
podar nem se cobrar em excesso, mas, como eu disse,
“aprendeu”. Eu preciso aprender.
Quando eu me vejo de fora, me sinto
incrível. Então por que que quando eu me vejo de dentro, com as minhas
bagunças, com os meus medos, eu me torno uma mulher
fraca, frustrada e sem propósito? Quando que não fazer parte de
uma sociedade egoísta e mesquinha se tornou algo
que me diminui? Porque, convenhamos, ser egoísta não deveria ser
algo que alguém tem orgulho de assumir. Ou melhor, eu não teria.
Nem na vida, nem em casa, nem na cama, nem em lugar nenhum.
Talvez porque eu gosto de
fazer parte do processo de melhora de mentes bagunçadas;
talvez porque eu faço questão de não fazer parte do grupo de pessoas
que diminuem outras ou daqueles que enfiam crenças rasas na nossa garganta simplesmente
porque sim.
Jogaram no meu colo a pergunta: “Você
usa o tempo ao seu favor?” e, depois de muita verdade voando na
minha cara, assumir a resposta para poder mudá-la me pareceu a melhor opção.
Talvez eu só precise aprender a ser
melhor e, durante o processo, vou sendo o melhor que der.
*
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